sexta-feira, 22 de maio de 2020

O FANTASMA DA ÓPERA/ THE PHANTOM OF THE OPERA

(2004)
ÓPERA EM TELA




Baseado no romance de Gaston Leroux, O Fantasma da Ópera teve sua adaptação para musical feita por Andrew Loyd Weber, e estreou em Londres em 1986, onde segue em cartaz desde então.
Apesar de não ser a primeira adaptação para cinema, a versão de 2004 destacou-se pela parceria do diretor Joel Schumacher com Loyd Webber, que sonhava em trazer o musical para as telas desde 1990.

Schumacher nunca havia feito um musical, e graças a essa parceria o filme manteve-se fiel ao espetáculo da Brodway ( é Brodway ou Londres?), apresentando números musicais intensos, cenários fieis à estrutura do teatro e com liberdade cinematográfica para incrementar as cenas entre uma música e outra.

A história se passa no Opera House de Paris e fala sobre, Christine (Emmy Rossum), uma cantora que afirma escutar a voz de um anjo – o Fantasma da Ópera (Gerard Butler) – que a ensina a cantar. Ao reencontrar-se com Raoul (Patrick Wilson) um amor de infância, Christine fica como uma donzela disputada entre dois cavalheiros antagônicos. De um lado, o "príncipe" Raoul, bom moço, e de outro o Fantasma, um homem sedutor, obscuro e misterioso.

Apesar do roteiro lugar comum, a interação desses personagens através das músicas e a beleza performática das cenas tornam o filme uma experiência diferenciada. A icônica música tema une o erudito e o moderno, ao introduzir a canção com um órgão e batidas eletrônicas e mesclar canto lírico com solos de guitarra.

As atuações também não deixam a desejar ( tá repetindo muito isso nos textos) e o elenco entrega corpo e voz para a construção dos personagens. Destaque para Emmy Rossum, que tinha apenas 16 anos na época das filmagens. Sua personagem transita entre a ousadia e ingenuidade nos diferentes vértices ( troquei ponta por vértice) do triângulo amoroso, transmite  eficientemente a mudança de semblante.

Gerard Butler não fica para trás e constrói um personagem imponente, elegante e hipnótico.

O Fantasma da Ópera é um belo filme, orquestrado por uma boa dupla e que entregou um espetáculo em tela para sairmos do filme com as canções ressoando nas nossas cabeças.

sexta-feira, 8 de maio de 2020

BEASTS OF NO NATION

(2015)
DIFÍCIL



Baseado no romance do autor nigeriano-americano Uzodinma Iweala, o primeiro longa da Netflix retrata uma realidade difícil de olhar, difícil de acreditar e quase impossível de não se afetar. A trama é contada através da narrativa em primeira pessoa do personagem Agu, uma criança forçada a se tornar um soldado de guerra na África.
Pelas experiências de Agu, acompanhamos suas reflexões acerca das atrocidades que ele precisa ver e cometer. É interessante observar como o protagonista se refugia nos próprios pensamentos quando precisa se fortalecer, nunca se deixando levar totalmente pela crueldade que o cerca.
O diretor Cary Fukunaga opera a câmera de modo a criar um clima de apreensão e desconforto nas cenas que se limitam a mostrar o campo de visão do protagonista. O teor de realidade nas cenas dispensa artifícios como  trilha sonora exacerbada ou diálogos comoventes, deixando o contexto falar por si.
Fukunaga, que também assina a fotografia da obra, expõe lindas paisagens e sequencias de danças que acrescentam muita beleza estética, apesar do horror que a história manifesta.
O realismo da obra é favorecido pelas atuações, especialmente Abraham Attah (Agu) e Idris Elba (comandante). Abraham faz um exímio trabalho ao encenar a transformação psicológica de seu personagem que inicia de uma forma leve e com o passar do tempo adquire um olhar frio e endurecido.
Idris Elba se destaca na interpretação de uma figura intimidadora e cruel, mas também muito carismática. O ator demonstra controle na construção de seu personagem e não apela para uma bravura exacerbada (vc curte essa palavra rsrs...) como forma de impor sua autoridade.
Beasts of No Nation é uma obra forte que, pela lente de uma criança, transmite uma realidade intragável.

Estou Pensando em Acabar com Tudo

  DESAFIANDO A NECESSIDADE DE “ENTENDER TUDO” Charlie Kaufman que já havia se mostrado eficiente para criar uma melancolia não justificada...