terça-feira, 24 de março de 2020

O BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS / ETERNAL SUNSHINE OF THE SPOTLESS MIND


(2004)

O BRILHO DA EXPERIÊNCIA

Ainda que nos esqueçamos de algo, o brilho de uma experiência que nos marcou jamais será apagado. “O Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças” problematiza essa ideia contando a história de Joel, um homem sentimental que ao descobrir que sua namorada o “deletou” da memória por meio de um procedimento tecnológico decide fazer o mesmo. 
Durante o filme, acompanhamos o processo que promete oferecer a Joel uma chance de recomeçar. Conforme suas memórias são investigadas e apagadas, vamos montando o quebra cabeça da sua história com Clementine em um seguimento não linear. Trata-se de um relacionamento entre pessoas comuns e a forma que os personagens se mostram confusos, tristes, sonhadores, e até mesmo contraditórios, ressalta a sua humanidade tornando a obra realista e envolvente.
Esse êxito deve-se também ao elenco que está excelente. Jim Carry, diferente dos trabalhos enérgicos e cômicos que sustentam sua popularidade, brilha como protagonista melancólico e inquieto que se vê diante de uma situação onde não pode controlar. Kate Winslet (Clementine) dá vida a uma mulher de personalidade forte e emocional frágil, e transmite bem as alterações de humor da personagem.
O diretor Michel Gondry é criativo na maneira de nos conduzir por esse passeio sensorial nas lembranças de um relacionamento. As cenas que representam as memórias de Joel possuem uma fotografia nítida com cores mais saturadas, alternando com recursos visuais lúdicos que literalmente deformam o que acontece. Já, para representar o “mundo real”, a fotografia é mais “crua” e a relação de causa e consequência entre ela e as vivências de Joel são bem interligadas. Vale destacar a fluidez com que a narrativa transita entre as memórias e esclarecem lacunas anteriores.
“O Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças” é uma bela obra que explora a ligação das memórias com os sentimentos e as marcas das experiências através de um relacionamento não romantizado.

Um comentário:

Estou Pensando em Acabar com Tudo

  DESAFIANDO A NECESSIDADE DE “ENTENDER TUDO” Charlie Kaufman que já havia se mostrado eficiente para criar uma melancolia não justificada...