quarta-feira, 1 de julho de 2020

365 Dias/ 50 Tons de Cinza



Cinco anos após o lançamento do sucesso de bilheteria “50 Tons de Cinza”, chega o tal “365 Dias”, uma nova narrativa para a mesma proposta: um relacionamento essencialmente ruim com uma cobertura pomposa.
Novamente um modelo de romance onde o homem fica como um objeto desejado e capaz de todos os sacrifícios para alcança-lo. As mulheres, apesar de apresentarem uma resistência inicial, acabam por sentir-se lisonjeadas pela atenção de um homem magnífico, independente da qualidade dessa atenção.
Mais uma vez, a romantização de uma relação que desvaloriza personagens femininas com um cara invasivo e controlador, porém, muito bem adornado e com um roteiro que justifica superficialmente seus gestos.
Ambos os filmes seguem a mesma fórmula: protagonistas ricos, brancos, que não apresentam profundidade e motivações convincentes, envoltos por cenários luxuosos e frases de efeito sem o mínimo efeito.
Aparentemente, a soma desses elementos embalados por uma trilha pop torna todo absurdo palatável, ainda que envolvam sequestros, perseguição e controle.
Apesar do cinema não ter obrigações pedagógicas, vale se questionar a tendência de algumas produções em tratar as mulheres como seres vazios de sentido e que aceitam tão avidamente um “herói romântico”. Nesse caso, o herói é um homem que dita ordens, e convence-as suavemente de que determinada situação é prazerosa para ambos.
Apesar disso, 50 Tons de Cinza lotou as salas de cinema e 365 Dias segue no Top 10 da Netflix. Assim, é válido se questionar como a sociedade reage perante um produto lançado, como a audiência responde facilmente a narrativas extremas, se essas forem apresentadas com um mínimo de glamour estético.

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