Cinco
anos após o lançamento do sucesso de bilheteria “50 Tons de Cinza”, chega o tal
“365 Dias”, uma nova narrativa para a mesma proposta: um relacionamento essencialmente ruim
com uma cobertura pomposa.
Novamente
um modelo de romance onde o homem fica como um objeto desejado e capaz de todos
os sacrifícios para alcança-lo. As mulheres, apesar de apresentarem uma
resistência inicial, acabam por sentir-se lisonjeadas pela atenção de um homem
magnífico, independente da qualidade dessa atenção.
Mais
uma vez, a romantização de uma relação que desvaloriza personagens femininas
com um cara invasivo e controlador, porém, muito bem adornado e com um roteiro
que justifica superficialmente seus gestos.
Ambos
os filmes seguem a mesma fórmula: protagonistas ricos, brancos, que não
apresentam profundidade e motivações convincentes, envoltos por cenários
luxuosos e frases de efeito sem o mínimo efeito.
Aparentemente,
a soma desses elementos embalados por uma trilha pop torna todo absurdo
palatável, ainda que envolvam sequestros, perseguição e controle.
Apesar
do cinema não ter obrigações pedagógicas, vale se questionar a tendência de
algumas produções em tratar as mulheres como seres vazios de sentido e que
aceitam tão avidamente um “herói romântico”. Nesse caso, o herói é um homem que
dita ordens, e convence-as suavemente de que determinada situação é prazerosa
para ambos.
Apesar
disso, 50 Tons de Cinza lotou as salas de cinema e 365 Dias segue no Top 10 da
Netflix. Assim, é válido se questionar como a sociedade reage perante um
produto lançado, como a audiência responde facilmente a narrativas extremas, se
essas forem apresentadas com um mínimo de glamour estético.
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