quarta-feira, 24 de junho de 2020

O LAGOSTA/ THE LOBSTER


(2015)

AUTORAL


Neste trabalho atípico, Yourgus Lattimus nos presenteia com um olhar irônico e autoral sobre a obrigatoriedade das relações românticas como uma espécie de validação social.
A história se desenvolve em torno de um homem recém divorciado que precisa confinar-se em um hotel e encontrar o seu par romântico dentro de 45 dias, caso não obtenha sucesso, é transformado em um animal de sua escolha.
Uma característica marcante do filme é o comportamento apático das personagens, que reforça a artificialidade do amor obrigatório.
Há aqui um deboche sutil acerca das justificativas da pressão para a formação de casais, com alfinetadas bem direcionadas do tipo: o tempo estipulado como uma espécie de “prazo de validade” para se casar, a ideia de filhos como salvação do casamento, o tratamento diferenciado que os casais recebem para reforçar a noção de prestígio social, entre outras.
As provocações apontam para uma tentativa de formatar o ser humano com decisões inflexíveis e regras que buscam exatidão e simetria. Os direcionamentos se dão para a contenção do comportamento e a inflexibilidade de decisões acerca dos afetos e identificações entre as características pessoais.
A narrativa é apresentada com uma bela fotografia onde predomina uma paleta de cores acinzentadas para criar a atmosfera de uma sociedade fria e restritiva.
O elenco não fica para trás, sustentando a estranheza necessária das interações naquele contexto. Colin Farrell como protagonista merece destaque, já que trata-se de um trabalho destoante de seu perfil, oferecendo uma introspecção cativante.
O Lagosta é um filme diferente e intrigante, que tem um comentário social relevante e satiriza as relações de maneira consistente e autoral.

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