(2015)
AUTORAL
Neste
trabalho atípico, Yourgus Lattimus nos presenteia com um olhar irônico e
autoral sobre a obrigatoriedade das relações românticas como uma espécie de
validação social.
A
história se desenvolve em torno de um homem recém divorciado que precisa
confinar-se em um hotel e encontrar o seu par romântico dentro de 45 dias, caso
não obtenha sucesso, é transformado em um animal de sua escolha.
Uma
característica marcante do filme é o comportamento apático das personagens, que
reforça a artificialidade do amor obrigatório.
Há
aqui um deboche sutil acerca das justificativas da pressão para a formação de
casais, com alfinetadas bem direcionadas do tipo: o tempo estipulado como uma
espécie de “prazo de validade” para se casar, a ideia de filhos como salvação
do casamento, o tratamento diferenciado que os casais recebem para reforçar a
noção de prestígio social, entre outras.
As
provocações apontam para uma tentativa de formatar o ser humano com decisões
inflexíveis e regras que buscam exatidão e simetria. Os direcionamentos se dão
para a contenção do comportamento e a inflexibilidade de decisões acerca dos
afetos e identificações entre as características pessoais.
A
narrativa é apresentada com uma bela fotografia onde predomina uma paleta de
cores acinzentadas para criar a atmosfera de uma sociedade fria e restritiva.
O
elenco não fica para trás, sustentando a estranheza necessária das interações
naquele contexto. Colin Farrell como protagonista merece destaque, já que
trata-se de um trabalho destoante de seu perfil, oferecendo uma introspecção
cativante.
O
Lagosta é um filme diferente e intrigante, que tem um comentário social
relevante e satiriza as relações de maneira consistente e autoral.